O que é a Ansiedade? Devo procurar por ajuda?

Existem diferentes formas da ansiedade, desde a ansiedade adaptativa (do dia a dia) até transtornos mais severos, veja como diferenciar e quando procurar por ajuda.

Quando falamos sobre ansiedade, logo nos identificamos com grande parte daquilo que é dito por ai, de imediato surge em nossa mente uma série de sintomas que já experimentamos ou que já chegou em nossos ouvidos, coração acelerado (taquicardia), respiração pesada e ofegante (hiperventilação), tremores, suor (sudorese), inquietação, agitação motora, todos nós em algum nível já experimentamos alguns ou mais destes sintomas físicos.

Se formos contextualizar, o mundo nos dias de hoje, como está estruturado, é uma máquina geradora de ansiedade, nos diversos contextos em que estamos inseridos, da fase adulta até mesmo a infância, o acesso rápido a informação, a comunicação instantânea com pessoas de todo o mundo, pode fazer com que cada vez mais nos tornemos competitivos, conosco mesmo e com o mundo, consumindo então mais e mais informação, chegando ao ponto de encarar o descanso como perda de tempo ou momentos de diversão como improdutividade.

No meio desta confusão em nossas mentes nos deparamos com sintomas que antes talvez não faziam parte de nossas vidas, noites sem dormir, procrastinação, falta ou aumento da fome, dificuldade na concentração, mal estar subitos ou que se prolongam por semanas ou meses, chegando até mesmo a vivenciarmos momentos muito intensos fisicamente.

Mas vamos lá, o que de fato é a ansiedade? O porquê ela existe? Espera... Ela é uma doença? Para falarmos sobre ansiedade precisamos entender primeiramente qual a função que ela cumpre em nosso organismo.

Começamos pelo fato de que a ansiedade NÃO é uma doença, ela faz parte do organismo de todos os seres humanos e como dito, ela cumpre uma função, sendo assim, ela é importante para a sobrevivência de nossa espécie. Para que entendamos isso de uma melhor forma precisamos compreender o que ocorre em nosso corpo quando a ansiedade surge.

Vamos usar uma analogia, para que fique mais concreto e claro: Imagine que você está andando em uma rua deserta, de repente surge um cachorro enorme em sua frente, ele começa a rosnar para você e caminhar em sua direção, neste momento intenso seu organismo vai identificar aquele animal vindo em sua direção como um risco a sua vida, podendo lhe ferir ou lhe matar, dessa forma seu corpo irá disparar a ansiedade (juntamente com o medo, neste exemplo) para lhe dar duas opções, lutar contra o perigo para sobreviver ou fugir do perigo para sobreviver também.

Talvez você esteja se perguntando, de que forma meu organismos fará isso? Ele disparará diversos respondentes fisiológicos (respostas do corpo) que causaram mudanças no seu organismo para lhe ajudar neste momento de perigo, seu coração começará a bater mais rápido para mandar sangue para todos os órgãos e músculos de forma mais eficiente, assim como a respiração mais intensa ocorrerá para que todo o seu sangue esteja cheio de oxigênio.

Mudanças estas necessárias para que se tenha uma reação mais rápida e uma força muscular maior, assim como a atenção difusa (na ansiedade do dia a dia encarada como dificuldade de concentração) para que você esteja atento a tudo ao seu redor que possa lhe ajudar ou lhe prejudicar nesse momento, sua fome e sono sofrem alteração pois, se estou em perigo como posso pensar em comer ou dormir isso pode ser perigoso.

Estas são apenas algumas das diversas mudanças que ocorrem em nosso organismo neste momento, percebe como essas modificações tem o objetivo de fazer com que sobrevivamos a momentos de perigo (e na possibilidade deles existirem), isso ocorre de forma similar em assaltos e acidentes por exemplo.

Mas... Não vivenciamos todos os dias estes eventos, o porquê a ansiedade está presente em nossas vidas de forma tão constante e intensa?

De fato não experimentamos riscos e prejuízos a vida de forma constante, o que está mais presente em nosso dia a dia são riscos e possíveis prejuízos emocionais, ou seja, vivenciamos frequentemente problemas nas relações, no trabalho, conosco mesmos.

O que ocorre é que, nosso organismo não faz uma diferenciação tão refinada do que é um perigo físico como um cão raivoso ou um assalto, de uma discussão com minha (o) parceira (o), alguma frustração no trabalho, ou seja, um “perigo” emocional, nosso organismo entende os dois como prejuízos a vida e em todos os casos pode disparar a ansiedade (em proporções diferentes) para que possamos “sobreviver” a estes momentos.

No entanto quando falamos sobre um sofrimento emocional não costumamos gastar toda a energia que o corpo nos da para lutarmos ou fugirmos (como lutar ou correr de um cão) e é neste momento, muitas vezes, que temos crises intensas de ansiedade, pois está energia fica circulando em nosso organismo.

Como dito anteriormente a ansiedade não é considerada uma doença, ela cumpre um papel em nosso corpo e é importante que ela exista, ela nos ajuda quando estamos dirigindo, nos dando uma atenção difusa, quando estamos em lugares altos nos deixando atentos a riscos e possibilitando respostas mais rápidas.

Embora ela seja nossa parceira, a ansiedade pode tomar proporções muito grandes e frequentes em nossas vidas prejudicando nossos diferentes ambientes, como de trabalho, familiar, psicossocial e neste momento ela sim, se torno prejudicial, podendo chegar a se tornar um transtorno, o conhecido transtorno de ansiedade.

Mas calma, não é pelo fato você estar ansioso, significa que você possui transtorno de ansiedade, como dito, ela faz parte de nosso organismo, é necessário observar o quanto esta ansiedade está lhe causando prejuízos.

O DSM V (Manual Diagnostico e Estatístico de Transtornos Mentais 5° edição) que é o manual utilizado para identificar sintomas e ajuda os profissionais a estabelecer critérios diagnósticos, ele trás as diferença da ansiedade de nosso dia a dia (ansiedade adaptativa) do transtorno de ansiedade e medo.

“Os transtornos de ansiedade se diferenciam do medo ou da ansiedade adaptativos por serem excessivos ou persistirem além de períodos apropriados ao nível de desenvolvimento. Eles diferem do medo ou da ansiedade provisórios, com frequência induzidos por estresse, por serem persistentes (p. ex., em geral durando seis meses ou mais).”

Ainda no Manual destacam-se alguns sintomas encontrados no transtorno de ansiedade, neste trecho em especifico se referindo a TAG (transtorno de ansiedade generalizada) que é a ansiedade que se prolongo por um período maior de tempo, podendo chegar a anos.

”As características principais do transtorno de ansiedade generalizada são ansiedade e preocupação persistentes e excessivas acerca de vários domínios, incluindo desempenho no trabalho e escolar, que o indivíduo encontra dificuldade em controlar. Além disso, são experimentados sintomas físicos, incluindo inquietação ou sensação de “nervos à flor da pele”; fatigabilidade; dificuldade de concentração ou “ter brancos”; irritabilidade; tensão muscular; e perturbação do sono”.

Neste momento os profissionais de saúde mental se fazem tão necessários, psicólogos e psiquiatras são os profissionais indicados a identificar e trabalhar junto ao cliente para lidar com estes sintomas, pois possuir um ou alguns destes sintomas não é indicio de possuir o transtorno de ansiedade.

Primeiramente o psicólogo irá identificar sobre que tipo de ansiedade está ocorrendo, se trata de uma ansiedade adaptativa em que o sujeito com auxílio do profissional tem a possibilidade de aprender a lidar de uma forma mais saudável com as questões que lhe causam ansiedade ou se esta ansiedade está tomando proporções maiores onde ambientes do sujeito acabam sendo prejudicados.

Neste momento medicações podem auxiliar, como citado a cima, quando falamos da ansiedade estamos falando de respondentes fisiológicos (respostas do corpo) também e o uso de medicações auxiliam o organismo a lidar com estes momentos intensos, o profissional que orienta, auxilia e prescreve a melhor forma de manejar a utilização de psicofármacos é o médico psiquiatra.

Sendo assim, é importante termos em mente que a ansiedade faz parte da nossa vida e em muitos momentos é importante que ela ocorra, então não se sinta mal caso você a perceba em alguns momentos de sua vida, entretanto, caso ela esteja ocorrendo de forma constante, intensa e atrapalhando a sua vida de alguma forma, procure por um profissional que possa lhe auxiliar a lidar melhor com ela.

O psicólogo busca analisar o problema apresentado pelo cliente, identificando os fatores que o determinam; baseando-se nesta análise, o terapeuta pode auxiliar no aprendizado de ações possivelmente mais efetivas, que possam culminar na resolução do problema, no alívio do sofrimento e na produção de bem-estar.

Um dos principais objetivos do profissional da psicologia é o fortalecimento da autonomia e independência do seu cliente, de forma que ele possa alinhar suas ações e aquilo que busca de significativo para a sua vida.